Alfredo Marcolin Peringer*
O governo americano não esconde a seriedade da crise imobiliária e financeira do seu País. Nem poderia. Os problemas das gigantes Fannie Mae e Freddie Mac (FF), do mercado hipotecário, e da American International Group (AIG), do mercado de seguros, estão sendo equacionados com dinheiro público. Ademais, o pedido de recursos, no valor de US$ 700 bilhões, em estudo no Congresso, para ajudar, quem sabe, a Lehman Brothers, a Merrill Lynch's e, por certo, outras empresas do sistema financeiro, já é considerado insuficiente pelo governo, diante de novos cálculos oficiais que estimam agora necessidades de US$1,3 trilhão (http://www.lewrockwell.com/orig9/quinn8.html).
Por enquanto, o governo americano vem eximindo-se da culpa, provavelmente por conveniência. O País encontra-se em ano eleitoral e ninguém quer perder votos com declarações ou ações arriscadas. Mas Frank Shostak, professor vinculado ao Mises Institute, mostra vínculos empíricos da culpa do governo: “entre janeiro de 2001 e junho de 2004, o FED, banco central americano, baixou as taxas dos fundos federais de 6% para 1% a.a., pondo em ação o inchaço da bolha imobiliária” (Can the Rescue Plan Fix the US Economy?). De fato, a queda dos juros inundou de liquidez a economia, dando lastro ao aumento da procura, dos preços, das hipotecas e dos títulos imobiliários. Shostak complementa que quando o FED voltou a subir as taxas para 5,25% (isso de 06/2004 a 09/2007), os estoques de casas residenciais, que haviam chegado a um pico em meados de 2005, começaram a desinchar, lentamente, até o quarto trimestre de 2007, quando estourou a falência dos primeiros dealers do ramo.
Mas a relação das crises com a má gestão monetária não se fundamenta em dados empíricos, mas na razão, dentro de um contexto praxiológico. Como no refrão, “tudo que sobe, desce”, os booms têm impulsão, pico, declínio e explosão. E não há, como nos ensina Ludwig Von Mises, “salvação para os empregos, matérias-primas e máquinas criados artificialmente pelo governo” (The Causes of the Economic Crisis). São as ações dos indivíduos, orientadas pelo sistema de preços, que determinam, de forma dinâmica, o que e o quanto vai ser produzido e mantido em estoques, assim como com relação ao uso de mão de obra em cada etapa produtiva. Cada estágio de produção, na empresa ou em nível global, é acompanhado do quantum monetário, tornando-se impossível a diferenciação teórica entre investimento e poupança, como os keynesianos apregoam que exista. Nada mais ilusório se esperar que a ajuda governamental preencha as lacunas produtivas ou mantenha os níveis de preços, custos e rentabilidade empresarial de pico ou de equilíbrio. Nunca as injeções de moeda transformar-se-ão em poupança real. Acabam apenas desestruturando o sistema de preços e a relação de equilíbrio entre poupança e consumo.
Não podemos nos deixar enganar pela versão governamental. O pacote americano, caso aprovado, vai transformar uma recessão passageira num estado depressivo de longa duração.
http://www.professorperinger.blogspot.com/
O governo americano não esconde a seriedade da crise imobiliária e financeira do seu País. Nem poderia. Os problemas das gigantes Fannie Mae e Freddie Mac (FF), do mercado hipotecário, e da American International Group (AIG), do mercado de seguros, estão sendo equacionados com dinheiro público. Ademais, o pedido de recursos, no valor de US$ 700 bilhões, em estudo no Congresso, para ajudar, quem sabe, a Lehman Brothers, a Merrill Lynch's e, por certo, outras empresas do sistema financeiro, já é considerado insuficiente pelo governo, diante de novos cálculos oficiais que estimam agora necessidades de US$1,3 trilhão (http://www.lewrockwell.com/orig9/quinn8.html).
Por enquanto, o governo americano vem eximindo-se da culpa, provavelmente por conveniência. O País encontra-se em ano eleitoral e ninguém quer perder votos com declarações ou ações arriscadas. Mas Frank Shostak, professor vinculado ao Mises Institute, mostra vínculos empíricos da culpa do governo: “entre janeiro de 2001 e junho de 2004, o FED, banco central americano, baixou as taxas dos fundos federais de 6% para 1% a.a., pondo em ação o inchaço da bolha imobiliária” (Can the Rescue Plan Fix the US Economy?). De fato, a queda dos juros inundou de liquidez a economia, dando lastro ao aumento da procura, dos preços, das hipotecas e dos títulos imobiliários. Shostak complementa que quando o FED voltou a subir as taxas para 5,25% (isso de 06/2004 a 09/2007), os estoques de casas residenciais, que haviam chegado a um pico em meados de 2005, começaram a desinchar, lentamente, até o quarto trimestre de 2007, quando estourou a falência dos primeiros dealers do ramo.
Mas a relação das crises com a má gestão monetária não se fundamenta em dados empíricos, mas na razão, dentro de um contexto praxiológico. Como no refrão, “tudo que sobe, desce”, os booms têm impulsão, pico, declínio e explosão. E não há, como nos ensina Ludwig Von Mises, “salvação para os empregos, matérias-primas e máquinas criados artificialmente pelo governo” (The Causes of the Economic Crisis). São as ações dos indivíduos, orientadas pelo sistema de preços, que determinam, de forma dinâmica, o que e o quanto vai ser produzido e mantido em estoques, assim como com relação ao uso de mão de obra em cada etapa produtiva. Cada estágio de produção, na empresa ou em nível global, é acompanhado do quantum monetário, tornando-se impossível a diferenciação teórica entre investimento e poupança, como os keynesianos apregoam que exista. Nada mais ilusório se esperar que a ajuda governamental preencha as lacunas produtivas ou mantenha os níveis de preços, custos e rentabilidade empresarial de pico ou de equilíbrio. Nunca as injeções de moeda transformar-se-ão em poupança real. Acabam apenas desestruturando o sistema de preços e a relação de equilíbrio entre poupança e consumo.
Não podemos nos deixar enganar pela versão governamental. O pacote americano, caso aprovado, vai transformar uma recessão passageira num estado depressivo de longa duração.
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