sábado, 9 de agosto de 2014

A ECONOMIA É UMA CIÊNCIA SOCIAL SÉRIA

Alfredo Marcolin Peringer
Economista 
O Keynesianismo, alusivo a John Maynard Keynes, continua sendo uma das disciplinas mais ensinadas nas escolas de economia mundo afora, públicas e privadas. Os governantes adoram o sistema! Ele prega que  o crescimento econômico pode ser influenciado, de maneira sustentada, pelo aumento da demanda, advindo dos gastos governamentais.
Mas Jean-Baptiste Say, jornalista e economista francês, no seu Tratado de Política Econômica, mostra a impossibilidade de a demanda estimular a economia, uma vez que ela é um produto da atividade econômica, resumido em sua célebre frase: “a oferta cria a sua própria demanda”, sendo algo irreal, assim, a criatura gerar o criador.
Friedrich von Hayek e Ludwig von Mises, em seus ensinamentos sobre as crises econômicas, evidenciam mais essa irrealidade ao decompor a oferta em seus vários estágios de produção, que vão de baixo para cima: do estágio de consumo, aos estágios de ordem mais elevadas. Pressupondo a produção de sapatos de couro bovino, o estágio de primeira ordem é representado pelas lojas comerciais; o de segunda, pelas fábricas de sapatos; o de terceira, pelos curtumes que  refinam, pintam e embelezam o couro; o de quarta, pelos frigoríficos que matam os animais e retiram o couro; o de quinta ordem, bem afastado do consumo, estão as fazendas agropecuárias que formam as pastagens, criam e selecionam o rebanho  para abate.
Cada estágio empresarial usa máquinas, equipamentos, prédios, matérias primas, insumos, mão de obra e moeda, e em proporções e quantidades certas, dentro de uma engrenagem única, impossível de ser acompanhada pelas vias das intervenções governamentais. As tentativas pervertem o sistema, sendo a causa dos estados depressivos no mundo, como ensina Mises no ‘Ação Humana’:

“Os intervencionistas têm toda a razão em afirmar que a expansão monetária ou do crédito leva ao crescimento dos negócios. Eles estão enganados, apenas, em ignorar que  tal crescimento é artificial,  não dura e acaba, inextricavelmente, em depressão geral”.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

É A ECONOMIA, IDIOTA

ALFREDO MARCOLIN PERINGER

Economista



 Em 1991, na bem sucedida campanha eleitoral americana de Bill Clinton contra George H. W.  Bush, então presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição, o seu estrategista, James Carville, apresentou três temas centrais de cunho político mercadológico para o seu pessoal trabalhar:   a) mudança versus mais do mesmo; b) não se esqueça do sistema de saúde; e c) é a economia, idiota.
Na época, o prestígio do presidente Bush dentro da sociedade americana era alto. Havia ganhado a Guerra do Golfo, libertado o Kuweit e os Emirados Árabes Unidos da invasão iraquiana e feito isso num curto período de tempo (02/08/1990 a 28/02/1991) e com baixa mortalidade de soldados americanos.
Não havia maneira de a sua organização política, o Partido Republicano, deixar de indicá-lo para concorrer à presidência dos Estados Unidos, fato que ocorreu inclusive com entusiasmo, na pressuposição, é claro, de que carregaria o seu prestígio às urnas, vencendo o pleito.
Ledo engano! Tinha a uma pedra no meio do caminho. A recessão, que iniciou no terceiro trimestre de 1990, avançou no ano de 1991, início da campanha, abalando sobremaneira a confiança dos americanos, principalmente nos seus governantes. Nem poderia ser diferente: as estatísticas do Ministério do Trabalho mostravam cerca de 1,6 milhão de trabalhadores desempregados no país.
Carville, um excelente estrategista, soube aproveitar politicamente a queda da atividade produtiva americana. Deixou de lado as demais táticas mercadológicas, passando a trabalhar apenas com o bordão “it’s the economy, stupid”, forma que sintetizava muito bem a depressiva situação econômica do país. 

Embora fosse uma estratégia para o consumo interno do seu grupo de trabalho, o lema caiu no gosto da população, ganhando logo um lugar nos anais da história político-eleitoral americana, sendo usado até hoje por mercadologistas mundo afora, principalmente em países às voltas com problemas de desemprego e inflação, comum hoje em diversas partes do mundo.