O prêmio Nobel de Física de 1997 recolheu-se humilde ao reconhecer no seu discurso de premiação da Academia Sueca que as ciências naturais, a exemplo da Física e da Química, não têm respostas mais verdadeiras a dar ao mundo do que as ciências sociais, como a Economia.
O reconhecimento desse fato, porém, não o torna humilde, mas realista. A Ciência Econômica ainda é o meio mais eficaz que temos para lidar com os problemas sociais e melhorar o padrão de vida da população. Como o homem age de maneira coerente, motivado pelo desejo de suprir seus desconfortos, pode-se prever as ações futuras das pessoas com relativa segurança, a partir de estímulos existentes ou criados no mercado. O principal estímulo à ação do Homem em sociedade ainda é o financeiro —para o "espanto" dos ingênuos— mas os não-financeiros, a exemplo dos prêmios honoríficos e outras láureas, também têm influência, embora em dadas circunstâncias.
Não se pode, porém, confundir o método utilizado pela Economia, com os métodos das ciências naturais. O objeto da Economia é o Homem e não um amontoado de moléculas, átomos e partículas. Os resultados se dão pela interação humana e, não, por experimentos com materiais. Ademais, a ação humana é individual. Não há ação coletiva, pois, como se pode facilmente deduzir, não há um ser humano coletivo, a não ser no mundo utópico dos socialistas.
Os socialistas acreditam ser possível a ação coletiva (os humoristas também, mas para fazer graça! — alguns por serem utópicos, mesmo). Mas nem o bom nem o mau humor conseguem esconder que o sistema socialista é antagônico aos princípios que regem a ação humana e que fracassou no mundo porque não dá condições às pessoas de realizarem o cálculo econômico. E, na ausência dele, a ação do homem é substituída pela coação do estado; a miséria toma o lugar da riqueza; a desavença, o desajuste e a exclusão sociais, substitui a solidariedade e a fraternidade prometidas. Tudo como resultado da queda da produção, da renda e dos empregos — única certeza que o sistema nos dá!
A Economia é diferente, também, das ciências naturais. Ela não permite que os burocratas coloquem num papel como as pessoas devem agir e manobre-as de acordo com o imaginado, como faz um engenheiro ao criar uma obra, montando-a e acompanhando-a até finalizar seu projeto, obtendo um resultado praticamente igual ao planejado. Infelizmente, para desgosto dos burocratas socialistas, isso não é possível. Por isso, as ações dos indivíduos no mercado têm sido comparadas aos movimentos dos astros no universo. A analogia diz respeito à irredutibilidade do curso deles ou à impossibilidade de controlar suas trajetórias, como gostariam os astrônomos. Mas, sabendo disso, o Homem procurou nortear sua vida na terra em harmonia com esses movimentos, como fez, por exemplo, ao criar os mapas de navegação, que tantos benefícios trouxeram à humanidade.
Os neo-socialistas precisam aprender essa lição. Em vez de criar regras que entravam a ação humana e que redundam em custos sociais e econômicos, deveriam adaptar-se aos postulados que explicam a ação dos indivíduos no mercado e extrair, com isso, maiores benefícios para todos. Não adianta rebelar-se contra o modo de agir das pessoas. O que precisam é adotar a política correta, como fez, consciente ou inconscientemente, o governo da cidade de São Paulo diante do caótico trânsito daquela capital. Permitiu que seus taxistas fossem remunerados também pelo tempo que levam para conduzir os passageiros e não, como é comum em outras capitais, pelos quilômetros rodados. Como os ganhos são praticamente os mesmos, a decisão transformou esses profissionais em pessoas mais gentis, sempre prontas a dar passagem aos outros motoristas, atitude racional, dentro das categorias da ação humana, pois não precisam mais andar em alta velocidade para largar um passageiro, pegar outro e fazer dinheiro. No final, todo trânsito acabou sendo beneficiado, pois, como Fredrich Hayek nos ensinou, o aprendizado, "feito por imitação”, acaba contagiando...
Mas os exemplos de como usar os fatores determinantes da ação humana para melhorar o desempenho social e econômico são infindáveis, tanto em casos particulares, quanto genéricos: a) um vendedor, cujo salário seja estabelecido por comissão sobre as vendas, tenderá a ter mais empenho em vender do que outro que tenha um salário fixo; b) um administrador de condomínio, cujo salário seja fixado em função das despesas do edifício, tenderá a gerar despesas mais altas aos condôminos do que outro cujas despesas sejam feitas de forma diferente; c) os altos impostos, ao reduzir os ganhos dos indivíduos ou a lhes causar prejuízos, desestimula a continuidade dos investimentos e provoca queda nos níveis de renda e de empregos; d) o combate ao tóxico, por ignorar as categorias da ação humana, aprofunda os custos sociais e econômicos do vício (mortes, doenças, gastos públicos, privilégios dos contrabandistas, entre outros), sem reduzir substancialmente o seu uso.
A verdade científica mostra que se os neo-socialistas, reunidos no denominado Fórum "Social" Mundial, quiserem, verdadeiramente, melhorar o meio social em que vivem têm que trabalhar com os fatores que influenciam a ação humana e não contra eles. Criar fóruns para discutir meios de vida diferentes desses é "ladrar contra a Lua"... e ficaria nisso, não fossem pelos custos sociais e econômicos que geram à população.
Alfredo Marcolin Peringer
Consultor Econômico
POA, 22/01/2001
O reconhecimento desse fato, porém, não o torna humilde, mas realista. A Ciência Econômica ainda é o meio mais eficaz que temos para lidar com os problemas sociais e melhorar o padrão de vida da população. Como o homem age de maneira coerente, motivado pelo desejo de suprir seus desconfortos, pode-se prever as ações futuras das pessoas com relativa segurança, a partir de estímulos existentes ou criados no mercado. O principal estímulo à ação do Homem em sociedade ainda é o financeiro —para o "espanto" dos ingênuos— mas os não-financeiros, a exemplo dos prêmios honoríficos e outras láureas, também têm influência, embora em dadas circunstâncias.
Não se pode, porém, confundir o método utilizado pela Economia, com os métodos das ciências naturais. O objeto da Economia é o Homem e não um amontoado de moléculas, átomos e partículas. Os resultados se dão pela interação humana e, não, por experimentos com materiais. Ademais, a ação humana é individual. Não há ação coletiva, pois, como se pode facilmente deduzir, não há um ser humano coletivo, a não ser no mundo utópico dos socialistas.
Os socialistas acreditam ser possível a ação coletiva (os humoristas também, mas para fazer graça! — alguns por serem utópicos, mesmo). Mas nem o bom nem o mau humor conseguem esconder que o sistema socialista é antagônico aos princípios que regem a ação humana e que fracassou no mundo porque não dá condições às pessoas de realizarem o cálculo econômico. E, na ausência dele, a ação do homem é substituída pela coação do estado; a miséria toma o lugar da riqueza; a desavença, o desajuste e a exclusão sociais, substitui a solidariedade e a fraternidade prometidas. Tudo como resultado da queda da produção, da renda e dos empregos — única certeza que o sistema nos dá!
A Economia é diferente, também, das ciências naturais. Ela não permite que os burocratas coloquem num papel como as pessoas devem agir e manobre-as de acordo com o imaginado, como faz um engenheiro ao criar uma obra, montando-a e acompanhando-a até finalizar seu projeto, obtendo um resultado praticamente igual ao planejado. Infelizmente, para desgosto dos burocratas socialistas, isso não é possível. Por isso, as ações dos indivíduos no mercado têm sido comparadas aos movimentos dos astros no universo. A analogia diz respeito à irredutibilidade do curso deles ou à impossibilidade de controlar suas trajetórias, como gostariam os astrônomos. Mas, sabendo disso, o Homem procurou nortear sua vida na terra em harmonia com esses movimentos, como fez, por exemplo, ao criar os mapas de navegação, que tantos benefícios trouxeram à humanidade.
Os neo-socialistas precisam aprender essa lição. Em vez de criar regras que entravam a ação humana e que redundam em custos sociais e econômicos, deveriam adaptar-se aos postulados que explicam a ação dos indivíduos no mercado e extrair, com isso, maiores benefícios para todos. Não adianta rebelar-se contra o modo de agir das pessoas. O que precisam é adotar a política correta, como fez, consciente ou inconscientemente, o governo da cidade de São Paulo diante do caótico trânsito daquela capital. Permitiu que seus taxistas fossem remunerados também pelo tempo que levam para conduzir os passageiros e não, como é comum em outras capitais, pelos quilômetros rodados. Como os ganhos são praticamente os mesmos, a decisão transformou esses profissionais em pessoas mais gentis, sempre prontas a dar passagem aos outros motoristas, atitude racional, dentro das categorias da ação humana, pois não precisam mais andar em alta velocidade para largar um passageiro, pegar outro e fazer dinheiro. No final, todo trânsito acabou sendo beneficiado, pois, como Fredrich Hayek nos ensinou, o aprendizado, "feito por imitação”, acaba contagiando...
Mas os exemplos de como usar os fatores determinantes da ação humana para melhorar o desempenho social e econômico são infindáveis, tanto em casos particulares, quanto genéricos: a) um vendedor, cujo salário seja estabelecido por comissão sobre as vendas, tenderá a ter mais empenho em vender do que outro que tenha um salário fixo; b) um administrador de condomínio, cujo salário seja fixado em função das despesas do edifício, tenderá a gerar despesas mais altas aos condôminos do que outro cujas despesas sejam feitas de forma diferente; c) os altos impostos, ao reduzir os ganhos dos indivíduos ou a lhes causar prejuízos, desestimula a continuidade dos investimentos e provoca queda nos níveis de renda e de empregos; d) o combate ao tóxico, por ignorar as categorias da ação humana, aprofunda os custos sociais e econômicos do vício (mortes, doenças, gastos públicos, privilégios dos contrabandistas, entre outros), sem reduzir substancialmente o seu uso.
A verdade científica mostra que se os neo-socialistas, reunidos no denominado Fórum "Social" Mundial, quiserem, verdadeiramente, melhorar o meio social em que vivem têm que trabalhar com os fatores que influenciam a ação humana e não contra eles. Criar fóruns para discutir meios de vida diferentes desses é "ladrar contra a Lua"... e ficaria nisso, não fossem pelos custos sociais e econômicos que geram à população.
Alfredo Marcolin Peringer
Consultor Econômico
POA, 22/01/2001
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