O desabafo metafórico do presidente Lula, de que "cachorro que tem muitos donos, morre de fome: ninguém cuida", tem um fundo de verdade científico, quando aplicado à economia. Trata-se da base filosófica do economista escocês Adam Smith, quando diz que é o dono quem, movido apenas pelo próprio interesse, promove o crescimento do seu negócio e, conseqüentemente, da economia. Ela não é diferente, também, do velho brocardo que nos ensina que "é o olho do dono que engorda o porco".
Mas, cientificamente, coube a Ludwig Von Mises, economista da escola austríaca, baseado na ciência praxiológica, fundamentar que a administração privada, com um único dono, é mais eficaz do que a administração pública, em que os interesses são diluídos entre muitos donos e mostrar, nas suas obras, que o número maior de donos gera desperdícios em termos de renda, salários e juros para a população. De fato, com relação aos juros, estudo da Febraban mostra que são altos porque há mais "depósitos compulsórios do sistema financeiro no Banco Central do que em crédito rural e habitacional, juntos". Aliás, eles superam o volume do crédito concedido à própria indústria, devido às altas taxas dos depósitos compulsórios nessa instituição financeira (45% sobre os depósitos à vista e 8% sobre os depósitos a prazo). Por esdrúxulo que pareça, mesmo que: a) os lucros bancários e a taxa Selic fossem de zero por cento; b) fosse eliminado o risco da inadimplência (inadimplência zero!) e; c) as instituições bancárias operassem sem custos, ainda assim as taxas de juros que os bancos cobrariam do tomador de crédito não poderiam ser inferiores a 29,4% ao ano. A exorbitante carga tributária vigente no país e o cipoal de impostos e taxas respondem pela diferença, com destaque para o PIS, Cofins, IOF, CSLL, ICMS, ISS, CPMF, IR, compulsório e outros ônus sociais.
Enquanto isso, os defensores do famigerado estatismo econômico culpam a economia de mercado pelas mazelas do país, argumentando maliciosa e equivocadamente, sem nenhuma base científica, que os problemas econômicos, a exemplo do desemprego (o dos jovens anda ao redor de 50% da PEA), que vivemos num sistema capitalista. Grande falácia. Como chamar de capitalista um País em que o governo apropria-se de cerca de 40% do PIB e controla mais de 80% do volume do crédito (de cada R$ 1,00 em depósitos à vista, um banco só consegue emprestar R$ 0,20)? Ademais, a oferta de títulos da dívida pública, hoje beirando os R$ 1,1 trilhão (deve fechar o ano próxima de 45% do PIB) faz uma competição deletéria à iniciativa privada.
Concordamos com o desabafo presidencial. Mas o que precisamos é de ação para reduzir o número de donos dos nossos recursos, numa guinada do estatismo açambarcador para uma genuína economia de mercado.
ALFREDO MARCOLIN PERINGER/ Economista
Zero Hora, 07 de agosto de 2007. Edição nº 15326
Mas, cientificamente, coube a Ludwig Von Mises, economista da escola austríaca, baseado na ciência praxiológica, fundamentar que a administração privada, com um único dono, é mais eficaz do que a administração pública, em que os interesses são diluídos entre muitos donos e mostrar, nas suas obras, que o número maior de donos gera desperdícios em termos de renda, salários e juros para a população. De fato, com relação aos juros, estudo da Febraban mostra que são altos porque há mais "depósitos compulsórios do sistema financeiro no Banco Central do que em crédito rural e habitacional, juntos". Aliás, eles superam o volume do crédito concedido à própria indústria, devido às altas taxas dos depósitos compulsórios nessa instituição financeira (45% sobre os depósitos à vista e 8% sobre os depósitos a prazo). Por esdrúxulo que pareça, mesmo que: a) os lucros bancários e a taxa Selic fossem de zero por cento; b) fosse eliminado o risco da inadimplência (inadimplência zero!) e; c) as instituições bancárias operassem sem custos, ainda assim as taxas de juros que os bancos cobrariam do tomador de crédito não poderiam ser inferiores a 29,4% ao ano. A exorbitante carga tributária vigente no país e o cipoal de impostos e taxas respondem pela diferença, com destaque para o PIS, Cofins, IOF, CSLL, ICMS, ISS, CPMF, IR, compulsório e outros ônus sociais.
Enquanto isso, os defensores do famigerado estatismo econômico culpam a economia de mercado pelas mazelas do país, argumentando maliciosa e equivocadamente, sem nenhuma base científica, que os problemas econômicos, a exemplo do desemprego (o dos jovens anda ao redor de 50% da PEA), que vivemos num sistema capitalista. Grande falácia. Como chamar de capitalista um País em que o governo apropria-se de cerca de 40% do PIB e controla mais de 80% do volume do crédito (de cada R$ 1,00 em depósitos à vista, um banco só consegue emprestar R$ 0,20)? Ademais, a oferta de títulos da dívida pública, hoje beirando os R$ 1,1 trilhão (deve fechar o ano próxima de 45% do PIB) faz uma competição deletéria à iniciativa privada.
Concordamos com o desabafo presidencial. Mas o que precisamos é de ação para reduzir o número de donos dos nossos recursos, numa guinada do estatismo açambarcador para uma genuína economia de mercado.
ALFREDO MARCOLIN PERINGER/ Economista
Zero Hora, 07 de agosto de 2007. Edição nº 15326
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