A frase acima ganhou notoriedade em 1975, com o lançamento do livro de
Milton Friedman, “There's no such thing as a free lunch”. Mas há indícios de que ela tenha sido usada
bem antes, nas décadas finais do Século XIX, por comerciantes do velho oeste
americano que, precisando atrair clientes, ofereciam comida de graça aos
fregueses, desde que consumissem bebidas alcoólicas. Como era de se esperar, o
custo da refeição ficava oculto no preço das bebidas, não se confirmando a tal
promessa do almoço gratuito. É compreensível! Um empreendimento, para
sobreviver, tem que ser lucrativo ou, no mínimo, não gerar prejuízo.
Hoje em dia é na administração pública que se revelam os mais altos
custos ocultos. Inobstante esteja escrito que o sistema é regido por princípios
constitucionais da eficiência, trata-se de uma apreciação formal. É praticamente impossível dar eficiência a
uma empresa controlada por decisões políticas e burocráticas, salvo uma ou
outra honrosa exceção. Isso fica evidente quando abrimos o campo de atuação pública
à iniciativa privada. A abertura faz com que surjam novos bens, novas
tecnologias e novas formas de se fazer as coisas, aumentando a produtividade e
deixando transparecer os custos ocultos.
No livro citado, Friedman mostra que o melhor desempenho do setor
privado, em relação ao público, pode ser explicado de quatro maneiras: a)
quando a pessoa gasta o próprio dinheiro, consigo mesma; b) quando ela gasta o
próprio dinheiro, com outras pessoas; c) quando a pessoa gasta o dinheiro de
terceiros, consigo mesma; e d) quando ela gasta o dinheiro de terceiros, com
outras pessoas. E a forma mais produtiva, em termos de custo-benefício, é
quando a pessoa gasta o próprio dinheiro, com ela mesma; e a menos produtiva, é
a usada pelo governo, ao gastar o dinheiro de terceiros, com outras pessoas.
Aristóteles, o filósofo grego, prefere ajuizar de maneira mais simples
as vantagens de se lidar com o que é próprio, vis-à-vis o que é comum a todos, considerando,
apenas, que os indivíduos cuidam melhor do que é seu, do que aquilo que é
comunitário. Curiosamente, vai além, ao fazer referência a outra superioridade
moral da propriedade privada: a oportunidade de se poder praticar a verdadeira
benevolência e filantropia, refletindo que não há nenhum mérito quando se
distribui o que é dos outros.
A reflexão tem mais valor se
for contextualizada ao cenário atual de crise da economia brasileira. Exigir
mais “almoços” do setor produtivo neste momento pode nos impelir a uma situação
semelhante à batalha de Pirro, onde não há ganhador, seja empresário,
consumidor, contribuinte ou fiscalista.
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